Um caso de cooperação exitosa na Itália
Uma iniciativa de consumo responsável e ecológico
Pia Valota, julho 2008
Carrara (65.000 habitantes) é uma cidade bem conhecida da Toscana por seu mármore branco. A antiga “Praça das ervas” foi renovada. Su função tradicional foi restabelecida graças a um mercado exclusivamente reservado aos produtos bio e típicos da agricultura local.
Inicialmente simples, a iniciativa promovida pela vice das atividades produtivas da municipalidade, Andrea Zanetti, se tornou complexa – mas também mais rica – na medida em que novos atores se juntaram.
Cada um dos 14 novos balcões fornecidos pela administração a 40 vendedores escolhidos para vir oferecer por rodízio seus produtos, ilustram, sobre um painel, a empresa do vendedor e sua história. Para que os visitantes possam receber infomes e notícias sobre o consumo responsável, um balcão é atribuído à associação líder do projeto ACU, Associazione Consumatori Utenti, e a qualquer outra associação desejando participar.
Ao lado do mercado, ao mesmo tempo que ele acontece, um hall no antigo «Moinho Forti» reabilitado, acolhe conferências tendo como assunto a alimentação sadia, os estilos de vida, a rotulagem dos produtos, mas também todos os temas que devem ser associados ao consumo: a mudança climática, a água, a energia, a agricultura, os detritos, a fome no mundo e a justiça global, os direitos e as responsabilidades, a solidariedade… O programa anual foi definido.
Para completar o programa cultural em torno do novo mercado, a vice para a instrução pública, Giovanna Bernardini, inclui iniciativas educativas para as crianças, visando o consumo sustentável, no Plano escolar. A ACU tomará conta das atividades, na escola e fora dela, que vão envolver os jovens. Um concurso de prêmios será lançado.
Por enquanto, os eventos acontecem mensalmente, cada primeiro sábado, mas o mercado se tornará daqui a pouco um encontro bimensal e sua abrangência vá se estender mais o ano seguinte. Eles incluíram especialmente o mercado no Plano Local para o comércio nos espaços públicos, o que lhe garante um lugar, por uma decisão permanente.
O mercado faz parte de fato da estratégia da municipalidade que visa revitalizar e renovar o centro histórico de Carrara, seus antigos prédios e suas praças públicas. Desta forma, a municipalidade traz um valor agregado a sua herança histórica e incentiva a sua permanência.
A atenção especial para os produtos locais bio e típicos é característica de todos os administradores da Toscana, após as recomendações da lei regional n°18/2002 que implementa a alimentação biológica no fornecimento por licitação pública e apóia os programas para a educação alimentar. Em poucos dias, a comuna de Carrara vai conceder um contrato à as cantinas públicas, escolas e hospitais, mediante uma licitação pública que prevê que toda alimentação será típica ou bio.
Os pequenos produtores tradicionais têm pouco ou não têm o costume de relações estruturadas, mesmo no mesmo território. O novo mercado lhes deu a oportunidade de começar a formar redes, a desenvolver contatos mais firmes com as associações agrícolas Coldiretti, C.I.A., CTPB. Estas últimas, do seu lado, apoiaram o programa, utilizando fundos regionais da lei 34/2001 para o desenvolvimento rural-agrícola. A cooperação em torno do mercado pode se tornar uma oportunidade suplementar e importante para a melhoria técnica (diferente da comercial) na agricultura.
A venda dos produtos dos pequenos produtores de nicho é um desafio, geralmente. Difícil é fazer conhecer aos consumidores produtos de fabricação limitada, e os mercados convencionais reconhecem apenas um diferencial de preço suficiente para os produtores. Ora, o conteúdo de trabalho e as despesas são proporcionalmente mais elevados e a burocracia é uma barreira para eles. O papel das vendas diretas e particularmente o engajamento do GAS (Grupo de Aquisição Solidária) é essencial neste caso.
Os GAS são uma inovação original que se constrói a partir da paixão dos Italianos pela alimentação. Ela conduz tradicionalmente um grande número de indivíduos/famílias a percorrer a península em busca de produtos autênticos. Os GAS acrescentam o objetivo de promover compras na base da solidariedade e do consumo responsável. Estes grupos locais são muito independentes. As pessoas se organizam, escolhem e compram em comum, partilhando depois produtos de todos os tipos, sobretudo alimentos.
Economizar dinheiro é um dos motivos do agir, talvez o primeiro, mas não o mais importante. O essencial é descobrir produtos melhores e muitas vezes excelentes produtos de nicho, ajudar os pequenos produtores e manter relações diretas com eles, criar novas relações amicais, apoiar os circuitos curtos de entrega, e empregar de forma útil o tempo livre. Em suma, a qualidade de vida e a satisfaço em traduzir concretamente seus sentimentos de solidariedade, tais são as motivações principais destes grupos, por outro lado muito variados, que são avaliados entre 500 e 1000 unidades. A lei financeira atual os toma em consideração pela primeira vez e concede vantagens fiscais.
Na oportunidade da abertura do mercado dia 24 de maio, as vendas se revelaram um sucesso enorme de tal forma que muitos vendedores liquidaram todas as suas mercadorias antes do fechamento do mercado. « Eles são todos muito satisfeitos e dispostos a estender a iniciativa” diz Clara Gonnelli, a presidente ACU-TOSCANA que trabalhou muito durante seis meses para reunir e alcançar o consenso entre atores tão diversos e numerosos, que não tinham nunca trabalhado juntos antes.
Fontes :
D-P-H (Dialogues, Propositions, histoires pour une citoyenneté mondiale) www.d-p-h.info/index_fr.html
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