Pais e filhos problematizando a economia solidária como alternativa de trabalho para os jovens
Facultade de Educaçao, UNICAMP, Brasil
Maria Therezinha Loddi Liboni, aprile 2012
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Compendio :
Dados mostram que a juventude brasileira é a parcela da população que mais sofre desemprego e precarização das condições de trabalho, sendo mais suscetível a vínculos de trabalhos informais, mesmo em tempos de diminuição dos índices gerais de desemprego. Em paralelo, os empreendimentos econômicos da Economia Solidária são indicados como uma das alternativas para a geração de trabalho e renda, se caracterizando pela autogestão, cooperação, solidariedade e respeito ao meio ambiente. Frente a esse cenário a presente pesquisa teve como objetivo analisar como os jovens, filhos de trabalhadores da Economia Solidária, manifestam o desejo em dar continuidade ao trabalho dos pais. Foram eleitos como sujeitos da pesquisa, jovens com idade variando de 16 a 24 anos, filhos de pais que trabalham em empreendimentos da Economia Solidária, localizados nas cidades de Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Nova Tebas e Curitiba - Paraná, abrangendo áreas urbana e rural. Utilizando-se metodologia qualitativa, foram entrevistados 19 jovens, empregando-se entrevistas semi estruturadas. No decorrer das análises das referidas entrevistas, verificamos a necessidade de dar voz aos pais desses jovens, uma vez que a experiência dos pais era um forte componente da representação que os jovens apresentavam. Optamos por obter a narrativa diretamente dos pais, a fim de aprimorar nosso entendimento das falas dos jovens. Entrou em cena a questão geracional e procuramos identificar o que transmitem os pais e o que herdam os filhos, no que tange à Economia Solidária como alternativa de trabalho. Foram identificados três grupos. No primeiro grupo encontramos os pais e filhos que veem o empreendimento de Economia Solidária como alternativa de futuro para os jovens. Estão localizados basicamente no empreendimento da área rural. O segundo grupo acredita que o empreendimento da Economia Solidária pode ser alternativa de futuro, mas ainda não o é. Este devir está condicionado a recuperarem condições de trabalho e econômicas semelhantes às que possuíam antes do empreendimento tornar-se coletivo e concerne à empresa recuperada. Para o terceiro grupo os empreendimentos de Economia Solidária não são alternativas de futuro para os jovens. O terceiro grupo é representado por participantes daqueles que assumem a forma de cooperativa ou associação e trabalham com coleta de materiais reciclados, alimentos, costura e artesanato. O trabalho assalariado e formal ainda prevalece como modelo idealizado de futuro para a maioria dos entrevistados, embora na realidade social que enfrentam esse modelo não é regra, mas exceção. Concluímos que, com exceção do primeiro grupo, marcado por condições singulares ligadas à realidade rural, os demais jovens veem a Economia Solidária restrita a uma alternativa para desemprego e não para o emprego. Ela adquire o sentido de suprir falta de opção, quando mais nada é possível; e não como uma opção, que daria suporte a novos modos de vida, de sociabilidade e de novas identidades.
Fonti :
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